sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

O futuro de ‘O Diário de Anne Frank’ e a lição de domínio público de ‘O Pequeno Príncipe’

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MARIA FERNANDA RODRIGUES


Para alguns, o diário de Anne Frank entra em domínio público em janeiro de 2016. Outros acreditam que será preciso esperar até os anos 2050 para ver várias edições da obra nas livrarias


De tempos em tempos, a questão dos direitos autorais de O Diário de Anne Frank, um dos maiores best-sellers de todos os tempos, volta ao debate. Temos a ideia de que a obra que escontramos nas livrarias, escrita pela garota no esconderijo em que ela viveu com a família e amigos, é tal qual seu diário. Mas as páginas daquele famoso caderno xadrez que ela ganhou no aniversário de 13 anos logo foram preenchidas e ela foi escrevendo em outros cadernos e em folhas avulsas que ia conseguindo.

Então, ao recuperar o pacote com os escritos da filha, morta no campo de concentração de Bergen-Belsen, em 1945, Otto Frank tratou de organizar esses registros para então transformar o diário em livro. Páginas podem ter ficado fora da edição. Outras podem ter sido incluídas.

Otto distribuiu o legado de Anne entre duas fundações, que ele criou ou ajudou a criar. A Fundação Casa de Anne Frank, de Amsterdã, se tornou um museu obrigatório e, portanto, sempre lotado, na cidade. A da Suíça ficou com os direitos do diário publicado por Otto com a condição, imposta por ele, de que o dinheiro ganho seria doado para instituições como a Unesco. As vendas nunca diminuíram, já que sua leitura também é obrigatória. As duas nunca se entenderam, e sempre quiseram mais do que já tinham.

Na edição que circula e que já ganhou mais de 160 traduções, está gravado que os direitos pertencem a Otto, e não a Anne. E o que todos esperavam – que a obra entrasse em domínio público no dia 1.º de janeiro – talvez não se concretize. Se ele é o detentor dos direitos e se ele morreu em 1980 vão aí mais uns bons anos até queO Diário de Anne Frank possa ser publicado por quem bem entender.


“Se seguirmos o argumento (da fundação suíça), isso significa que, por anos, eles mentiram sobre o fato de que o diário foi escrito apenas por Anne”, disse Agnès Tricoire, advogada especializada em propriedade intelectual, ao New York Times.

Há pelo menos cinco anos, a Fundação Casa de Anne Frank trabalha, com historiadores e pesquisadores, para criar uma versão on-line da obra, que ela pretendia publicar, também em papel, em 2016.

No Brasil, O Diário de Anne Frank é publicado pela Record e já vendeu, ao longo dos anos, mais de 400 mil exemplares. A editora brasileira também espera que tudo permaneça como está até 2051, quando a obra, segundo alguns argumentos, entrará em domínio público.

Se a briga for por dinheiro, O Pequeno Príncipe tem uma lição a dar.

A famosa obra de Saint-Exupéry caiu em domínio público este ano em diversos países (ironicamente, não na França). Dezenas de novos títulos chegaram às livrarias brasileiras por editoras variadas, e todos estão vendendo como pão quente.

Se em 2014, último ano do reinado da Agir, que lançou a obra aqui em 1952, foram comercializados, segundo a Nielsen, 140 mil exemplares, os números serão muito melhores este ano. Só no primeiro semestre, a obra somava 152 mil cópias vendidas – e a Agir seguia na liderança.

A ver quais serão as cenas dos próximos capítulos.
Jornal O Estado de S. Paulo

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